"E hoje, era como o porão. Cheia de lembranças mortas, de coisas velhas, gastas pelo nada. Deixou o tempo correr trancada no seu porão interno, com medo, talvez fosse por isso que não gostava de entrar lá, no porão do espelho..." Novos talentos da literatura 2.
Ontem guardei um porta retrato dentro do porão, quer dizer no início eu pensei em guardar somente a foto que havia nele, mas não podia deixar a vista nada que me trouxesse a imagem daquela foto. Na semana passada também fui ao porão, mais não fui guardar nada e sim procurar algo, eu não sabia bem o que eu queria encontrar, mais eu senti que precisava. E quando me dou com os olhos fitos naquele baú e caixas encobertos de teias e poeira, e repentinamente uma dor me corrói e aflige meu coração, no mesmo instante sinto uma vontade palpitante de sair correndo, mais algo me prende ali, no porão friorento. Olho para aquelas coisas velhas, penso em toca-las, mas é perturbante, não sei o que posso encontrar, tenho razões para evitar um provável constrangimento. Este porão está dentro de mim, se é que isso te faz compreender melhor eu o construí, e guardei o que quis e o que não quis também. De vez em quando entro nele sem querer, e contra a minha vontade meu pensamento abre os baús e caixas velhas que guardam minhas piores lembranças que passam como filmes, os quais possuem vida própria e invadem minha mente e me fazem chorar. Eu não queria ter um porão, eu não queria guardar nada lá, eu só queria que tudo estivesse aqui do lado de fora, no meu jardim da vida, em forma de borboletas coloridas que voam como os sonhos ou simplesmente como flores com cores de felicidade.